sábado, 8 de agosto de 2009

Causas e consequências.



Depois de um longo "teatrozinho" pus-me a pensar. E a única coisa que surgiu em minha mente foi um mero jargão nada brilhante: “A pior mentira é aquela que se conta a si próprio.” Essa frase é simples, gasta, banalizada. Mas a questão é: até qual ponto essa máxima popular reflete a verdade, até que ponto a mentira pessoal é prejudicial, injusta ou necessária?

Então lá vamos nós novamente a nossa velha e boa relativização (coisa que adoro fazer).

Mentir para si próprio sempre inclui também mentir para os que estão a sua volta, eu pensei em colocar um quase antes do sempre, mas depois não consegui me lembrar de uma ocasião onde houvesse uma exceção, já que mentir para si próprio tem como princípio convencer a si e aos que estão consigo. Convencendo a si próprio, você convence aos outros e vice-versa.
Essa reflexão teve origem depois de uma cena que presenciei. Alguém que não via há muito tempo e que teve grande influência sobre meus traumas e o de muitos a minha volta, ressurgiu das cinzas com pose de “a vida é bela”. A mentira era tão convincente que por algum tempo até me convenci, ou me deixei convencer por ser mais simples, só depois refleti e fiquei possessa em perceber o mecanismo na qual todos se inserem, mecanismo ativo-passivo onde não há inocentes. Pensei em gritar, seria melhor olhar nos olhos da pessoa e perguntar se ele realmente não percebia o quanto suas atitudes impensadas e egoístas fizeram todos sofrer, deixando marcas que nunca mais irão embora. Em seguida achei que teria sido melhor se nunca tivéssemos nos reencontrado, seria melhor continuar longe fingindo que nada tinha acontecido... foi aí que percebi que isso também era mentir, e que por tantos anos menti pra mim mesmo por ser mais fácil, mas nesse caso, quando torna as coisas menos dolorosas não seria tão ruim, não é?... então o turbilhão de pensamentos voltou, não achava essa mentira tão ruim pois ela facilitou meus passos durante muito tempo, mas se esse mecanismo é o mesmo que ele está usando, então por que pra mim é bom e pra ele ruim?... Hora relativização minha cara, o valor muda muito quando o protagonista muda também.

Quantas vezes essas mentiras são utilizadas e por quanto tempo elas permanecem, será que há um jeito de reconhecê-las e contabilizá-las, ou esse mecanismo ficou simplesmente tão comum que já não há formas de barrá-lo, mas será que barrá-lo seria a solução ou a complicação, quais dessas mentiras deveriam permanecer em pro da convivências sadia e qual deveria ser extinta, quem é capaz de julgar, uma vida a base de mentiras pode ser realmente sadia?  Será que a mentira pode ser relativa e pensar o contrário é apenas mais uma imposição maniqueísta de nossas raízes????????????
As respostas ficam a critério individual. Sei que, depois, entrei novamente em paz comigo mesma ou será isso mais uma mentira? Não consigo responder....

Araraquara, 08 de agosto de 2009.

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